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AS VEZES, UMA DOR MELHORA NOSSA VISÃO SOBRE A VIDA.
A sensação de descobrir que você não é invencível e que tem um problema em seu corpo, incomoda e bastante.
Ver o problema no próximo é uma coisa, mas quando é com a gente, a coisa toda muda de figura. Nossa ignorância a respeito, faz com que tenhamos pensamentos desnecessários e que só irão nos levar a lugares que, efetivamente não irão nos ajudar a resolver nada.
Em meados de 2013, após receber o resultado de uma Ressonância Magnética, através das conclusões do Neuro Cirurgião, Dr. Marcus Vinícius Serra, descobri que eu tinha uma protusão em L3/L4 e uma Hérnia de Disco em L4/L5.
Para minha decepção – pois queria operar ali mesmo na maca do consultório – Dr. Marcus me informou que meu caso não era cirúrgico e que poderia ser tratado de forma tradicional. Eu estava bem. Só estava curto, pois não conseguia levantar a perna direita mais do que 30 graus em relação a maca.
Tratamento Tradicional?! A essa altura para mim, o tradicional era não sentir aquela dor horrível, que me fazia ver estrelas só de pensar.
A DIFÍCIL CONVIVÊNCIA COM A DOR.
Diante daquele quadro, voltei triste para casa e nem desconfiava que minha vida estava prestes a mudar completamente, justamente por conta daquele problema.
Minhas dores eram tão intensas, que em determinadas crises, a única coisa que eu mexia e não doía em meu corpo, eram os meus olhos.
As idas e vindas a farmácia, em busca de alívio, se tornaram comuns e rotineiras e meu pensamento, não desistia da cirurgia. Queria me livrar daquilo, que parecia estar me matando aos beliscões.
O sorriso sumiu de meu rosto e a testa franzida pela dor, era comum no dia a dia.
Enfim… minha vida estava triste de tanta dor. Não tinha mais gosto nem para sair com amigos ou ir a festas da família. Quanto tempo iria durar aquilo? – Pensava.
A LUZ QUE VI NO FIM DO TÚNEL
Naquele fatídico dia, no consultório do Dr. Marcus, fui aconselhado a procurar uma Errepegista e acabei encontrando a Dra. Camila.
No dia em que a conheci, fui definitivamente apresentado a boa postura e ao respeito que devemos ter ao nosso corpo. De certa forma, aquilo começava a fazer sentido para mim.
Pensei nos caminhões de tecido que ajudei a descarregar e todo excesso de peso que carreguei por anos a fio, na época em que possuía uma empresa de confecções.
Ali então, comecei a entender o que significava a compressão discal e porque é importante termos consciência de nosso próprio corpo e principalmente a atenção que devemos ter em movimentos errados e vícios posturais.
A VIRADA DE CHAVE
A medida em que as sessões se sucediam, eu fui sendo bombardeado de informações a respeito do que era uma hérnia de disco e aquele bicho, naquele momento, já não era tão papão assim, do jeito que eu imaginava no início.
A noite, quando meu dia de trabalho terminava, eu mergulhava na internet atrás de informações sobre o tema Hérnia de Disco.
Perdi a conta de quantos textos eu li e vídeos que assisti. Se o assunto fosse Hérnia de Disco, lá estava eu pronto para devorá-lo. Aquilo virou uma obsessão. Eu coloquei na cabeça que iria arrumar um jeito de me livrar daquilo. E arrumei.
Depois de tanto ler, concluí obviamente que o peso era inimigo mortal de um herniado. Também conversando com a Dra. Camila, descobri que os exercícios seriam fundamentais para minha recuperação. Mas como conciliar isso se em uma academia de musculação só se faz exercícios com peso?
Levei essa equação a Dra. Camila e a pergunta que me fez nesse dia, revelou para mim, qual seria a solução do problema Hérnia de Disco: Você tem fácil acesso a uma piscina?
COMO VIREI AQUAMAN?
Quando a Dra. Camila me perguntou se eu tinha acesso fácil a uma piscina, lhe respondi sorrindo: Na cobertura de meu prédio tem uma.
Imediatamente tudo fez sentido para mim: Água tem flutuação e flutuação tiraria todo o meu peso e com isso, meus discos ficariam totalmente descomprimidos para a execução tranquila da sequência de exercícios na água que ela me ensinaria.
No mesmo dia comprei quatro macarrões ( Alguns chamam de espaguetes )e comecei a sequência de exercícios e alongamentos na água.
No calor, no frio, na chuva, com vendaval ou furacão, não importava; lá estava eu na piscina todo o santo dia a me exercitar. Nada me demovia do objetivo de ficar bom.
As vezes trabalhava até tarde, chegava em casa mais de onze horas da noite e lá ia eu, para a piscina.
Minha mulher me perguntava: Aonde vai essa hora?
E eu respondia: Vou ali me curar e já volto.
Foram ininterruptos quatro meses de exercícios na água, de domingo a domingo.
Vinte quilos mais magro, voltei ao Dr. Marcus Vinícius Serra e ao me examinar, puxou minha perna direita para cima e para sua surpresa, quase a bateu na luminária que ficava logo acima da maca. Minha amplitude havia saído de míseros 30 graus e já chegava a mais de 80.
Com sorriso maroto me pergunta:
E as dores Regi?
Quase chorando lhe respondi: Sumiram, doutor! Sumiram!
DE VOLTA AO INFERNO
Saí do consultório orgulhoso de mim mesmo, pela conquista que havia conseguido em minha vida.
Uma vitória sem tamanho, para quem há 5 meses atrás, achava que a vida seria uma eterna dor.
Havia aprendido que só o exercício, a correção postural e os alongamentos poderiam salvar um herniado de uma vida de dores.
Tinha uma nova vida a partir daquele momento. O pior havia passado e as dores, sumido completamente.
Mas dois pequenos detalhes passaram despercebidos a todo esse aprendizado: VIGILÂNCIA E CONSTÂNCIA.
Um dia, viajando ao interior com minha família, fui dar uma volta num bosque que havia na cidade de Cotia. Meu filho, na altura com 10 anos de idade, corria na frente e encontrou no caminho um monte de terra e resolveu ficar em cima dele esperando eu passar.
Distraído, passei por ele e então voou em minha costas, deixando cair todo o seu peso sobre meu corpo.
No momento não senti nada e continuei pelo caminho até chegar à casa em que estávamos. Na casa havia uma mesa de sinuca e resolvemos jogar uma partida.
Ao me abaixar para a primeira tacada, senti como se tivesse levado uma facada no meio de minha coluna lombar. A dor aguda percorreu toda minha coluna e me jogou ao chão de tal forma, que não era possível me mexer e muito menos me levantar.
O que havia acontecido comigo? Estava tão bem e agora isso? Perguntas me assombravam a mente: O que fiz de errado? Porque aquela crise novamente? Eu não tinha me curado? O que estaria acontecendo comigo?
Passei o dia todo na cama e no outro dia, um pouco melhor pela ação de anti inflamatórios, resolvemos voltar.
Chegando em Santos, procurei imediatamente por meu primo que é ortopedista, Dr. Robson Martins Tavares e contei-lhe o ocorrido.
Ele sabia de minha espetacular recuperação e após escutar minha história do ocorrido, perguntou:
– Você continua fazendo exercícios e se alongando?
Sem pestanejar, respondi:
– Mas primo… eu já estava curado. Por isso só me preocupei em manter a postura. Não fiz mais exercícios.
Ele então, solta a frase que seria minha maior lição nesse processo e que definitivamente mudaria minha vida para sempre:
– Meu primo, você está condenado a ser eternamente saudável. Um herniado jamais pode parar de fazer exercícios e alongamentos.
DE VOLTA AOS TREINOS
Após a lição, percebi a importância da vigilância dos movimentos e o porque dos exercícios e alongamentos diários.
Nossos músculos perdem o tônus e a força, pela falta de exercícios e alongamentos. Por isso a tarefa deve ser diária e constante.
Exercícios e alongamentos para um herniado devem ser tão comuns quanto escovar os dentes ao acordar.
Entendido o recado, a piscina e os exercícios eram mais uma vez meu destino e a partir daquele dia, para sempre.
E novamente lá fui eu. E em um mês, já estava novo em folha novamente mas dessa vez, não só meus músculos tinham ficado mais fortes, mas minha mente também.
Neste ano de 2019 completei com muita alegria, cinco anos sem nenhuma dor ou contratura.
E hoje, após essa jornada de recuperação e aprendizado sobre o corpo e a mente, posso gritar a pleno peito:
Regi Martins